O denominado espaço onírico assume-se como uma realidade do sonho, irreal, cativado por a potencialização dos sentidos, por o chamamento das emoções, aparenta-se sempre fragmentado, sem um inicio e sem um fim, como um tempo alienado, como uma realidade fragmentada, um momento único. Espaço de transformação, da simbologia e da emoção, este espaço sempre foi inspirador para todas as artes.
A procura individual do ser dentro da realidade onírica leva a uma incessante procura de itens que aparecem metamorfoseados em indícios que levam o sujeito a flexibilizar as leis da realidade e descair na procura interior da significância de tais partindo de uma percepção física/mental dos mesmos. Corpo e mente fundem-se nesta realidade transcendental do espírito, nesta mescla xamânica de significado e significante onde a mente exerce sua capacidade maleável dos conceitos. Emoção distorce uma realidade em si significante, elevando uma consciência apriori dentro dos parâmetros matéricos e em permanente maleabilidade.
Espaço de transformação, percorre a noite e uma ambiência psíquica onde germinam virtudes de origem. É um espaço que se retrai e é a partir desta retracção que ele se dilata e estrutura em si. Em alternância entre o finito e o infinito, é no tempo parado, cortado de qualquer referencialidade que este espaço ocorre. Portador de uma índole de ocultação, envolve sempre a vontade, impregnando o movimento como algo cíclico, que ao mesmo tempo se afirma renovador. É na perca de horizontes que este espaço se define, como uma realidade além fronteiras, relacionando uma potência individual do ser em seu núcleo incessantemente mutável. Com a continuação do sonho, este espaço baliza imagens e símbolos que serão interpretados consoante sua acção nesta não narrativa.
Sendo relacionado como um tempo de origem, é neste que são evidenciados desejos, potencializações emocionais e até mesmo conhecimentos inconscientes, que fabulam numa coexistência colectiva e originadora. Mas este espaço onírico tem um fim, na aproximação dos primeiros raios de luz que puxam para uma outra realidade, menos exacerbada, mais contida que é a que nos acorda dia após dia. Mas mesmo antes do acordar, o ser fabula intensamente e talvez com um grau de realidade maior os últimos rasgos dessa irrealidade onírica, aconchegada, apelativa. Esta última etapa insere o sonhador na percepção mais vivida deste espaço fabulador dos sentidos e da mente, onde as imagens assumem outro sentido, onde os cenários mudam repentinamente consoante a disposição, onde o corpo percorre livremente e sem empecilhos uma ambiência mais convidativa. Mas esta realidade de devaneios de vontade tende a acabar, para dar lugar ao real, ao perceptível no estado de consciência. É neste facto que esta realidade onírica ganha, pois o tempo é cíclico e o amanhã trará o renovar do devaneio do sonho, da noite e do repouso. E é aí, que novamente a mente se despe e inicia a travessia nos mares da imaginação, da vontade inconsciente dada por a ciclicidade temporal. O amanhã chega e o sono traz mais uma realidade, a realidade do devaneio inconsciente.
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